28.12.08
best of 2008
não costumo fazer balanços.
mas este ano foi especial e por isso acho que merece.
fiz vinte e oito e cumpri o meu objectivo de ter a minha loja japonesa, projecto que tinha em mente à mais de três anos, desde a fabulosa e desconcertante visita a tóquio.
fiz novos amigos, descobri livros que estavam eternamente adiados na mesinha-de-cabeceira, valter hugo mãe, antónio lobo antunes, murasaki shikibu, Slavenka Drakulic.
vi de novo, dez anos depois do sudoeste, os portishead. e valeu mesmo a pena ter ido com os amigos que fui e ter estado mesmo lá à frente.
e, finalmente!, os secret chiefs 3 cá. e o josé gonzález com a sua bela música.
mudamos de casa, para a nossa, e agora temos de regar todos os dias as plantas na estufa, mesmo em dias como hoje, que estão quase zero graus e tudo está coberto com uma transparente camada de gelo.
deixei a agência têxtil, as minhas amigas de lá, a kenzo, a marithé japonesa, a celine. tenho saudades das colegas, dos clientes não.
encontrei o Baba nas ruas claras de lisboa, sorrimos juntos e prometemos uma nova visita a vrindavan.
encontrei o Iggy na rua em matosinhos e agora a Lucy tem um maravilhoso companheiro, não tão despachado como ela é certo, mas ele está a aprender de dia para dia.
encontrei a edite em barcelona e rimos juntas por todos os dias em que estivemos separadas.
e, à um ano atrás, estavamos em amesterdão, nas ruas do bairro vermelho, a visitar o maior número de coffeshops possível e a absorver toda a cultura e oferta holandesa, com muito muito frio nas ruas mas calor por dentro.
um feliz ano a todos.
30.11.08
Geada
25.11.08
Dª Flora
Hoje soube da morte da Flora Ramôa, uma amiga que partiu depois de uma vida intensa pela Liberdade.
Os seus poemas continuarão a ecoar o seu sorriso por muito tempo.
SER LIVRE É …
É ser das aves amigo e camarada
É poder andar de cara levantada
É ter sempre pão na sua mesa honrada
É poder gritar “ NÃO “ sem boca amordaçada
É livrar do joio a bênção da seara
Colhendo seu fruto o suor que a regara
É ver a papoila rir à gargalhada
por entre os trigais loiros, prenhes de fartura
É rir co`a felicidade e chorar co`a desventura
É ter por amo uma consciência pura
É ser cego à raça, à cor, à fé, ao credo
É perguntar-se: - Porqu `hei de eu ter medo?
É espraiar os olhos p`lo verde da campina
É misturar no ramo a rosa e a bonina
É poder “ VOAR”
Sem visco, sem peias, sem gaiolas
É ter lar digno, onde o filho brinque
Irrequieto e fero…
É ter o direito de dizer “ NÃO QUERO”
É manejar com amor, a pena ou os arados
É ver nascer o PÃO, onde houvera CARDOS
… É jamais esquecer o ABRIL DOS CRAVOS.
Flora Ramôa
21.11.08
BAB SEBTA
Nós não atravessamos fronteiras, as fronteiras atravessaram-se entre nós”
Graffiti em Ceuta
Partindo de todas as partes de África corre uma multidão de homens invisíveis preparados para atravessar continentes inteiros perseguindo uma ideia eternamente negada àqueles que vivem na periferia – a de uma vida melhor.
Enfrentam desertos, máfias, sede e fome até colidir contra um muro de arame farpado ou atravessar uma trágica e precária travessia marítima – os obstáculos que os separam do seu objectivo quase mitológico – a Europa.
O filme parte em contracorrente a este fluxo, dirigindo-se de Norte para Sul em busca dos migrantes que atravessam o deserto – heróis nómadas dos tempos que correm, em luta contra uma abstracção: a ideia de fronteira.
O filme do nosso amigo Frederico.