26.5.09

Só se pode regressar do que na verdade nunca nos pertenceu


O teu peso é o véu sobre a minha cabeça,

o grito se o arrancas, o terço permanente,
retiras-me os indícios da vida secular,
revelas uma imagem em tudo desmunida,
respiro o teu suor
e se me refugio na sombra do pescoço
contemplo dois penedos entregues ao salitre.
Saímos da pensão
escorregas no degrau
suspendes a ternura num gesto desabrido
e entras ao acaso na porta de um café.

Presságios
Fátima Maldonado

Um comentário:

ana disse...

este é o poema mais bonito que li nos últimos tempos.