29.8.09
27.8.09
República
27 de Agosto, por José Saramago
Vai para cem anos, em 5 de Outubro de 1910, uma revolução em Portugal derrubou a velha e caduca monarquia para proclamar uma república que, entre acertos e erros, entre promessas e malogros, passando pelos sofrimentos e humilhações de quase cinquenta anos de ditadura fascista, sobreviveu até aos nossos dias. Durante os enfrentamentos, os mortos, militares e civis, foram 76, e os feridos 364. Nessa revolução de um pequeno país situado no extremo ocidental da Europa, sobre a qual já a poeira de um século assentou, sucedeu algo que a minha memória, memória de leituras antigas, guardou e que não resisto a evocar. Ferido de morte, um revolucionário civil agonizava na rua, junto a um prédio do Rossio, a praça principal de Lisboa. Estava só, sabia que não tinha qualquer possibilidade de salvação, nenhuma ambulância se atreveria a ir recolhê-lo, pois o tiroteio cruzado impedia a chegada de socorros. Então esse homem humilde, cujo nome, que eu saiba, a história não registou, com uns dedos que tremiam, quase desfalecido, traçou na parede, conforme pôde, com o seu próprio sangue, com o sangue que lhe corria dos ferimentos, estas palavras: “Viva a república”. Escreveu república e morreu, e foi o mesmo que tivesse escrito: esperança, futuro, paz. Não tinha outro testamento, não deixava riquezas no mundo, apenas uma palavra que para ele, naquele momento, significaria talvez dignidade, isso que não se vende nem se deixa comprar, e que é no ser humano o grau supremo.
23.8.09
à bout de souffle
Anteontem imprimi uma fotografia a preto e branco da Jean Seberg e fui à cabeleireira aqui da esquina
-Corte-me assim por favor.
Ao que a míope da cabeleireira responde
-É você na foto? Está muito diferente..
E um pouco depois, depois de saber onde vamos nas férias
-Credo, a palavra até mete medo, não é no Bétenáme que estão em guerra?
Fuck, pensei, a estupidez realmente não tem limites.
21.8.09
20.8.09
Porto Belo
Será já neste sábado que irei participar pela primeira vez no mercado Porto Belo, na bonita Praça Carlos Alberto, neste que é o filho homónimo do grande mercado de rua londrino.
Se estiverem pelo Porto, venham-me visitar e dizer olá que este terno mês de Agosto tem sido muito calmo e tenho um grande défice de falatório para colmatar.